Aula INAUGURAL DO GESTAR II








CONFRATERNIZAÇÕES DO GESTAR II



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FOTOS ALEATÓRIAS




RELATÓRIOS DAS TPS TRABALHADAS










Relatório da TP2

No TP2, que trata da Análise Linguística e Análise Literária fora estudado então (Gramática: Seus Vários Sentidos, A Frase e Sua Organização, A Arte: Formas e Função e Linguagem Figurada). Uma das discussões mais eloquente foi a questão da gramática interna porque até então a maioria dos cursistas não haviam ouvido falar sobre ela, e a descoberta de sua existência gerou um certo desconforto e vários pontos de interrogação no que diz respeito ao fato de considerar ou não a forma como os alunos falam ou escrevem determinadas palavras.... se deve ou não ser levado em conta.
Estas dúvidas instigaram uma pesquisa mais profunda sobre o assunto e apimentou a discussão no grupo, pois todos até então só levavam em conta a gramática normativa.
Quanto a Frase e sua organização, percebi que não houve muita mudança no que estão acostumados a trabalhar, mas estudamos as várias formas lingüísticas de estruturar o texto das mais simples às mais complexas para que possamos compreender e usar essas estruturas com os alunos. As atividades propostas no Avançando na Prática foram muito comentadas.
Fora trabalhado também as várias formas de artes que nos cercam, não somente o belo mas também suas formas e funções, quais sua importância no nosso dia á dia e como caracterizá – la. Bem como a Linguagem Figurada que geralmente é vista através do prisma literário através das figuras de linguagem.

Todas as oficinas foram trabalhadas através do Power point elaborados pelos cursistas e apresentadas em datashow e mediada por mim com algumas complementações e, vale lembrar em tempo que todo o material produzido nos grupos eram repassados para os demais para serem aplicados em sala..




RELATÓRIO DA TP1


Já na TP1, seguindo a mesma metodologia trabalhamos Linguagem e Cultura (Variantes Linguísticas:Dialetos e Registros, Variantes Linguísticas: Desfazendo Equívocos, O Texto Centro das Experiências no Ensino da Língua, A Intertextualidade), as atividades foram desenvolvidas com responsabilidade, apresentei os vídeos:Chico Bento no Shopping, Preconceito Linguístico e outros para o grupo, e também muita descontração principalmente quando se falava em variantes linguísticas, normas e uso da língua buscando compreender como essas variantes se efetivam em nossa interação cotidiana, a própria conceituação de texto e suas implicações no ensino-aprendizagem da língua e a intertextualidade o que gerou uma discussão muito boa, pois neste momento os cursistas empolgaram e queriam falar todos ao mesmo tempo.
É preciso se levar em consideração os conhecimentos prévios da língua trabalhando de forma eficaz o conhecimento e a compreensão sobre a realidade histórica, social e cultural a norma culta.
A intertextualidade também gerou muita discussão porque alguém sempre se lembrava de outro texto ou imagem que dava para trabalhar com os alunos.








Relatório da TP6

Após os relatos das atividades desenvolvidas n TP5 com os cursistas passamos então às atividades do TP6 e continuamos com a metodologia trabalhada no TP5. Os cursistas se dividiram em dupla ou em trio e fizemos tudo novamente cada um com uma unidade...
Percebi que a leitura coletiva e as discussões também propiciaram o crescimento de muitos cursistas que estavam em sala pela primeira vez no ano; Mas o ápice das discussões era o fato de eles perceberem o que tinha dado certo em suas aulas e o que tinha dado errado e o por quê; E ainda na troca de experiência o professor que havia aplicado uma determinada atividade em uma turma e o outro a mesma em outra puderam analisar como as turmas se comportam em relação a aplicação das atividades.
No TP6 que trabalha Leitura e Processos da Escrita II (Argumentação e Linguagem, Produção Textual: Planejamento e Escrita, O Processo de Produção Textual: Revisão e Edição, Literatura para Adolescentes) sugere que a leitura seja um momento de busca pela satisfação e prazer de ler. É claro que nem tudo na vida é prazeroso e a leitura pode ser torturante quando não é bem direcionada. Mas os professores têm buscando formas de tornar a prática de leitura de livros literários um momento diferente, criativo, prazeroso e que tenha efeitos questionadores e reflexivos. Muitos pesquisaram nas bibliotecas escolares e nas municipais livros que pudessem aguçar a curiosidade dos alunos para que os mesmo viessem a praticar o ato de ler.
Esta Tp foi muito gostosa de ser trabalhada pois as aplicações das atividades em sala aguçaram a criatividade dos cursistas há muito adormecida, liberando a imaginação e principalmente o espírito de criança em fazer arte através de pequenos escretes, peças de teatro, declamação de poesias e muita mas muitas produções textuais principalmente a propaganda(argumentação).













RELATÓRIO DA TP5


Ao observar que a metodologia utilizada nas oficinas anteriores estava tornando – se cansativa e menos atraente, resolvi mudá–la. No primeiro momento, desenvolvi com os cursistas uma atividade que para muitos era novidade, e brincamos muito com as palavras e as imagens. No segundo momento, pensei em fazer a oficina em forma de seminários; Fiz a proposta e que foi prontamente aceita.
Propus então que em duplas ou em trios de acordo com o número de cursistas os mesmos estudassem e preparassem teoricamente as unidades do Tp5 -Estilo, Coerência e Coesão- (Estilística, Coerência Textual, Coesão Textual, Relações lógicas no texto), para expor aos demais grupos e propondo uma nova forma de aplicação dos Avançando na Prática e assim provocar a discussão das mesmas.
Minha surpresa maior foi o rendimento desta proposta, pois partimos para os trabalhos jogando os estudos em Power paint para serem apresentadas em datashow, e percebi que uma grande maioria não dominava as TICs e demonstravam medo de aproximarem da máquina; Ensinei os primeiros passos e deixei que eles dessem asas a suas imaginações.
Os primeiros slides produzidos ficaram muito interessantes, porque os cursistas usaram todos os recursos possíveis e cabíveis e se divertiam a cada um que movimentava de forma inesperada.
Aprenderam também fazer busca na internet usando – a como ferramenta na utilização de recursos, principalmente no Google as imagens para colocarem em seus slides e então passaram para a produção das atividades da TP.
A troca de experiências a cada encontro tornava - se o carro chefe do Gestar, pois todos queriam apresentar o que tinham desenvolvido com seus alunos, pontos positivos e negativos das atividades, e tudo o mais.
Desta forma, os cursistas mostraram – se motivados com as atividades e solicitaram que as demais fossem trabalhadas da mesma forma, isto é, todos trabalhando todas as oficinas não só impares ou pares.

O GRITO QUE FAZ NASCER A MANHÃ

Lucília Maria Sousa Romão - Universidade de Ribeirão Preto


Durante o mês de abril de 2004, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra (MST) iniciou uma série de ocupações, manifestações e atos públicos, cobrando do governo Lula agilidade na reforma agrária, medidas contra o desemprego e mudanças na política econômica. A divulgação do “abril vermelho” e a representação do ato de gritar abriram um novo capítulo do litígio discursivo em relação à reforma agrária; posições-sujeito entram em rota de colisão, convulsionadas pela ideologia e pelos sentidos que se constroem sob o signo da memória e da sua atualização.

A partir de recortes colhidos sem jornais impressos e eletrônicos, pretendo interpretar como o ato de gritar e sua interdição significa e como as representações de líder popular e de presidente derivam de posições em relação ao poder constituído, datadas pela conjuntura sócio-histórica, cuja materialidade é lingüística e histórica.

Durante el mes de abril de 2004, el Movimiento de los Trabajadores Rurales sin Tierra (MST) inició una serie de ocupaciones, manifestaciones y actos públicos, reclamando del gobierno agilidad en la reforma agraria, medidas contra el desempleo y cambios en la política económica. La divulgación del“abril rojo” y la representación del acto de gritar abrieron un nuevo capítulo del litigio discursivo en relación con la reforma agraria; posiciones sujeto entran en ruta de colisión, convulsionadas por la ideología y por los sentidos que se construyen bajo el signo de la memoria y de su actualización. Apartir de recortes de periódicos impresos y electrónicos, pretendo interpretar qué significan el acto de gritar y su interdicción y cómo las representaciones de líder popular y de presidente derivan de posiciones en relación con el poder constituido, datadas por la coyuntura sócio histórica, cuya materialidades lingüística e histórica. “Um galo sozinho não tece uma manhã: / ele precisará sempre de outros galos. / De um que apanhe esse grito que ele/ e o lance a outro; de um outro galo/ que apanhe o grito que um galo antes/ e o lance a outro; e de outros galos / que com muitos outros galos se cruzem/ os fios de sol de seus gritos de galo, / para que a manhã, desde uma teia tênue, / vá se tecendo, entre todos os galos.” João Cabral de Melo Neto aflora a coletiva tecelagem de gritos de galos, que, sob a cadência da manhã ainda escura, anunciam o sol e a claridão emergentes.

Os gritos Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, 238 v. 5, n. 1, 2005de galo, como as mobilizações populares, anunciam e constituem o raiar da manhã com rede de possibilidades e mudanças, que virão-a-ser. Na certeza de que os sentidos e os atos de linguagem não brotam no sujeito como água na pedra, mas se constituem na/pela teia do interdiscurso, é possível dizer que os gritos desenham, no tecido da memória nacional, uma trama mais que presente: índios e negros gemeram seus gritos de indignação frente ao extermínio lento da senzala e da escravidão; imigrantes gritaram sua inserção nas lavouras e fábricas; camponeses, estudantes e mulheres afiaram o estribilho dos seus gritos em prol de direitos sonegados; torturados ensangüentaram quartéis com seus gritos de dor, enquanto, sob cifradas senhas, poetas cantaram seus gritos de rebeldia.

O grito “Diretas-Já”, em 1984, interrompia um itinerário sombrio de anos de chumbo. A plena pulmões, operários disseram palavras de ordem em sindicatos com gritos que fizeram estremecer as fábricas e “Lula-lá” nada mais foi do que um grito de esperança a vibrar na garganta dos operários. A partir dos anos 80, o país assiste ao nascimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como um coro de vozes que dá visibilidade aos párias do campo e busca forçar a entrada da reforma agrária na agenda nacional, recuperando os sentidos já ditos por outros movimentos de luta pela terra, a saber:

Quilombos, Ibicaba, Canudos, Contestado e Ligas Camponesas (ROMÃO, 2002). A memória discursiva se atualiza, ancorada nos efeitos de justiça social, dívida histórica, mobilização dos excluídos e grito, pois para a população que teve a sua cidadania adiada desde o berço e que apenas é tratada como consumidora no circuito dado pelo capitalismo, resta a voz. Do fundo do atoleiro-pântano da miséria e da injustiça social, faz eco o grito com as mesmas feições de pânico e horror que modelaram o rosto da personagem de Edward Munch. As pinceladas de assombro da obra pictórica se transmutam em gritos de indignação diante da barbárie constituída pela fome, exclusão da terra e desemprego.

Do museu, o personagem do expressionismo alemão salta a olhar para os habitantes da periferia e grita o seu assombro. Na tela e na vida real, gritar é estratégia de se manter vivo, de amealhar visibilidade, de tornar-se presente, de se inscrever no lugar da memória que sempre foi marginalizado pela classe dominante, de se fazer ouvir com aquilo que restou, ou melhor, com a última ferramenta que, do homem, lhe é própria e indomável: a voz. Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, v. 5, n.1, 2005 239. Assim, há, no ato de gritar, a memória discursiva, que faz funcionar os efeitos de indignação, resistência, luta e insubordinação ao poder constituído e que se materializa na língua, materialidade exemplar do litígio político e do confronto entre sujeitos com desiguais poderes, pois como Orlandi (1996, p. 138) aponta, é preciso levar em conta “o lugar social dos interlocutores e a desigualdade na distribuição dos conhecimentos”. Os estudos da Análise do Discurso (AD) de matriz francesa, desenvolvidos a partir dos trabalhos de Pêcheux e Fuchs (1975), primam em postular que o sujeito não é livre nem fonte originária de seu dizer, mas uma posição discursiva dentro de uma conjuntura sócio histórica, datada por contradições de classes, posição essa construída pela/

na filiação à teia da memória, dos sentidos já-ditos e/ou naturalizados,permitidos ou interditados para o lugar que o sujeito ocupa.Voltando à rede histórica de gritos de galo, é possível dizer que ela entretece o nascer da manhã-Brasil, recolhendo no ar o clamor de um país desejoso de liberdade, justiça social e democracia para todos.

Foi também uma somatória de protestos e mobilizações gritadas que constituiu (e ainda constitui) a trajetória do presidente Luis Inácio Lula da Silva, cuja biografia foi escrita com a voz rouca de tanto gritar ordem sem palanques improvisados em cima de peruas kombi. Desde cedo, Lula bem aprendeu que, sem grito, não sairia do nordeste pobre e não chegaria a São Paulo. No lugar de militante, percebeu que sem o megafone da causa operária e sem os gritos coletivos de seus iguais, não se tornaria emblemática presença diante dos patrões. A corda vocal calejada acordava outras cordas, como galo rouco de tanto chamar o nascimento da manhã.

Na inscrição discursiva de líder operário, o sentido de protesto, ação coletiva, luta política, reivindicação eram legítimos, pois a ideologia os fazia parecer evidentes, possíveis e adequados. O lugar de onde ele enunciava era socialmente marcado por uma posição de classe compatível com o grito e com o ato de gritar. O protesto coletivo era peça de legalidade, legitimidade e ação estratégica. Alinhados a esses sentidos naturalizados para o sujeito na posição de líder sindical, vários movimentos

populares fizeram funcionar essa zona da memória do gritar com o metáfora de indignação, luta e resistência. O “Grito dos Excluídos”, por exemplo, é um grande ato sempre realizado no dia 7 de setembro em várias capitais do país e que tem na Cidade de Aparecida (SP) a sua expressão mais forte. Lá, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, 240 v. 5, n. 1, 2005

(CNBB), pastorais sociais e diversos setores da Igreja, intelectuais e representantes dos movimentos sociais fazem um grande ato político e engordam a fila da romaria dos trabalhadores. Reproduzo a seguir os princípios norteadores desse grito, escritos por Pe. Luiz Bassegio e Pe. Alfredo Gonçalves, ambos da Coordenação do Grito dos Excluídos no Brasil, que materializam as representações imaginárias que o ato de gritar evoca: O Grito dos Excluídos não é um evento localizado no tempo e no espaço. Trata-se, antes, de um conjunto de atividades que convergem para uma determinada data de mobilização geral: o chamado “dia do Grito”. Este, no Brasil, ocorre a 7 de setembro; na América Latina, a 12de outubro. (...) No Brasil, o Grito dos Excluídos tem início em 1995. Na América Latina, pela primeira vez, em 1999. (...) Chega-se, assim, ao Grito propriamente dito. O que é? Antes de tudo, uma dor secular e sufocada que se levanta do chão. Dor que se transforma em protesto, cria asas e se lança no ar. De ponta a ponta do país ou do continente, o povo solta ao vento o seu clamor, longamente silencioso e silenciado. É um grito que ganha os ares, entra pelas portas e janelas, toma os espaços. Tem como objetivo unificar todos os gritos presos em milhões de gargantas, desinstalarem os acomodados, ferir os ouvidos dos responsáveis pela exclusão e conclamar todos à organização e à luta.

É o grito dos empobrecidos, dos indefesos, dos pequenos, dos sem vez e sem voz, dos enfraquecidos – numa palavra, o grito dos excluídos! Em consonância com esse grito dos excluídos, ao sujeito no lugar de líder sindical era permitida a denúncia do capital concentrado pelas multinacionais; era possível a narrativa sobre a falta de horizontes dos trabalhadores esmagados na linha de montagem; era legítimo lutar por aumento de salário, por direito de greve e por paralisação como forma de luta política. Também se materializava a equação simbólica entre o gritar, a quantidade de gritantes e o poder de fogo diante de negociações com o capital instituído dentro e fora das fábricas. Depois de algumas tentativas inglórias, Lula chega ao cargo de primeiro mandatário do país. Tal fato é analisado como acontecimento discursivo por Indursky (2003, p. 110), posto que apresenta uma forte ruptura com as representações de presidente aceitas e construídas ao longo da história e memória nacionais:1Textodisponívelnaíntegranapágina unecity.es/conjuntos/libertad/15/excluidos.htmRev. Brasileira de Lingüística Aplicada, v. 5, n.1, 2005 241 Assistíamos a algo ainda não presenciado anteriormente, a algo ainda não nomeado na cena política brasileira. (...) um país que tinha sido sempre governado por bacharéis, por doutores ou militares, presidentes que representavam as oligarquias deste país, que representavam uma minoria dominante. E esta ruptura colocava, pela primeira vez, nesses500 anos de história, na Presidência da República Federativa do Brasil, um filho do povo, um presidente sem instrução formal, que não possui nenhum diploma universitário, que atropela a língua em sua modalidade culta, que não fala nenhuma língua estrangeira, enfim, um operário, um

torneiro mecânico que tem, na mão esquerda, apenas quatro dedos,marcando, dessa forma, indelevelmente, sua origem operária. E mais: um nordestino, que, longe de ser rico, é um retirante que migrou em um pau de arara para São Paulo e que passou fome. E, culminando tudo isto, um líder sindical, organizador de greves memoráveis que afrontaram a ditadura militar e que foi preso por desafiar a lei anti-greve então vigente no país, ditadura que veio justamente para “proteger o país do

perigo vermelho, do comunismo”. Um homem que se chama apenas Silva.(...) E esta ruptura certamente produz um acontecimento discursivo (...)Realmente, na posse, o vermelho se estendeu do vestido da primeira-dama às esplanadas dos ministérios, ruas e espaços público sem um espocar de estrelas cheias de esperança. Brasília ouviu a base dos gritos populares como uma explosão histórica de trabalhadores,

operários, sem-terra, desempregados, que se viam representar no lugar de Lula e na voz de um presidente que se constituiu por sentidos contestatórios, rebeldes e socialistas em uma história pessoal de resistência e tenacidade. Eleitores e simpatizantes, vindos de todos os cantos do país, fincaram a bandeira do PT no núcleo decisório da política nacional como re-presença de ruptura e sentidos novos, quiçá estrelados. Mas os tempos são outros, é certo. Passado o primeiro ano de lua de - mel com o poder, MST e movimentos populares potencializam críticas à política econômica e à reforma agrária do governo adormecida pela cantilena da demora e dos parcos investimentos sociais. Durante o mês de abril de 2004, marchas, atos públicos e ocupações deram relevo à Jornada de Luta do MST, que a grande mídia batizou de “abril vermelho”;mais de 140 ocupações pipocaram em estados do Nordeste, Centro-sul e Sudeste, colocando publicamente gritos ritmados pelos acordes de insatisfação e reivindicação, o que discursivamente provocou a reatualização dos mesmos sentidos e do mesmo lugar que constituíram Lula como líder sindical e articulador de massas. Nessa/dessa posição de gritante, João Pedro Stedile enunciou que Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, 242 v. 5, n. 1, 2005

O Abril Vermelho não é um roteiro de ocupações e invasões de terra,mas sim um movimento de mobilizações organizadas e que contará também com a participação de outras entidades da sociedade civil (...)é preciso aproveitar este primeiro de abril para envermelhar o Brasil.É preciso que os movimentos de massa ganhem novo ânimo e volte màs ruas para discutir um modelo alternativo para este país. O que nós queremos é aproveitar o mês de abril para preparar um grande primeiro de maio. Vamos partir para as estradas. Nem que seja em passeatas, calados, quietos em protesto contra o capital. Em entrevista concedida a jornalistas, em Três Lagoas (MG), o presidente comenta a declaração acima, afirmando que a reforma agrária não vai ser feita no grito dos trabalhadores ou no grito dos que são contra. Ela vai ser feita respeitando a legislação vigente e no clima de harmonia que norteia o comportamento de meu governo. Ao afirmar que a reforma agrária não “será feita no grito”, Lula enuncia de um outro lugar, que não aquele do qual o sindicalista falava.

Provoca uma ruptura com os sentidos que edificaram sua trajetória,interditando os sentidos nos quais sempre se alocou para traçar a sua cartografia discursiva e política. Na posição de presidente, alinhado pela ideologia ao poder dominante, certos sentidos são interditados, proibidos e/ou indesejáveis, tidos como inconvenientes, tornando-se necessário silenciá-los. Esse efeito de evidência e naturalização é o trabalho da ideologia, que interpela o sujeito em sujeito do discurso e recorta para ele um sentido como único possível de ser dito, como o mais seguro e transparente. Sobre tal conceito tão caro à Análise do Discurso, Tfouni (2003, p. 154) afirma que:(...) a ideologia decorre do estado da luta de classes em conflito uma com a outra, e um processo de apagamento/identificação do sujeito de/com um ou outro lugar dentro dessa luta, o que vai determinar as seqüências produzidas/esquecidas pelo sujeito. Assim, temos que a desigualdade, produto da luta de classes, está inscrita na língua (...)Tendo postulado que é na pele da língua que se marca a inscrição dos lugares-sujeito derivados da luta de classes, é possível dizer que2 Site Último segundo, http://ultimosegundo.ig.com.br/useg/brasil/artigo/0,,1566258,00.html (31 de março de 2004)3 Folha de S. Paulo, A 11, dia 4 de abril de 2004Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, v. 5, n.1, 2005 243‘aquele que grita’ é deslocado do lugar legítimo de protesto e reivindicação, silenciado como um outro que se opõe à “harmonia do meu governo”, desarrumando uma suposta ordem e desestruturando

aquilo que estaria seguramente controlado. O grito, inflamado peloexcesso e pelo descontrole do gritante, desarticularia a paz social,assegurada pela legislação e pelo aparato democrático do governo doPartido dos Trabalhadores (PT). Silencia-se aqui a equação simbólicade que a harmonia seria vitimada pelo ato de gritar. O imaginário, quecoloca o presidente no lugar daquele que tem autorização parasentenciar sobre a reforma agrária, é o mesmo que o faz elaborar o atode gritar de outra forma, como interdição e silenciamento.Ao negar o grito, o sujeito no lugar de presidente sinaliza umaregião tranqüila, quiçá consensual para a realização da reforma agrária,como se desapropriar latifúndios fosse sinônimo de prática marcada

por negociação amigável, até harmônica. Tensão zero, diferenças deformações ideológicas zero, luta de classes zero! O efeito decordialidade representa o governo que, cheio de boas intenções, farianaturalmente a distribuição de terra no país como a promover umevento social entre amigos e não entre gritantes. Assim, aquele que gritacava temores e tremores em áreas como a estabilidade econômica, agovernabilidade, a ausência de riscos, “a harmonia do meu governo”,enfim. Na sombra do depoimento de Lula, está construído um lugar decalma, paciência e espera, que se confronta com os sentidos já-ditos sobreo(s) grito(s) e o ato de gritar que o constituíram ao longo da luta sindical.Em direção oposta ao motor da memória das mobilizaçõeshistóricas, já narradas neste artigo, e na contramão da história do

presidente, o sujeito aqui promove a emergência e o florescimento dapassividade, recortando uma região da memória que faz circular outrossentidos possíveis, a saber: a ineficácia de gritar, a afronta dos gritos ea inutilidade da voz exaltada no coletivo, quiçá sua ilegitimidade. Nãose trata de avaliar ou julgar o governo em questão, mas interpretar olugar de onde Lula enuncia, sua migração de uma formação discursivapara outra, a interdição de alguns sentidos, o processo de interpelaçãoideológica em dois lugares diferentes e a zona da memória acionada

pelo sujeito antes líder de massa, agora líder do governo.Reforço aqui que o sentido é entendido como efeito, pois aspalavras não têm um valor referencial em si mesmas e só podem serinterpretadas a partir de condições de produção determinadas por

Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, 244 v. 5, n. 1, 2005relações de poder e pela luta de classes e significadas pela historicidade.Conforme Orlandi (1996, p. 160): “Como o texto é um espaço, mas umespaço simbólico, ele não é fechado em si mesmo: tem relação como contexto e com os outros textos”.Ainda na materialidade lingüística, a seqüência, na qual o sujeitofaz sentido, “no grito dos trabalhadores ou no grito dos que são contra”,funciona de modo a emparelhar e apontar semelhanças entre o gritoe o gritar de trabalhadores e ruralistas. O enunciado faz funcionar oefeito de igualar, não marcar diferenças e pasteurizar regiões desiguaisde poder como se elas fossem afins; e, ao assemelhar os diferentes edesiguais, promove-se o discurso soberano e vitorioso da ordem e dalei, cujo efeito é justamente tratar todos os cidadãos como se elesfossem iguais e tivessem os mesmos direitos e deveres. Ora, sabe-semuito bem que os sentidos e os poderes não são distribuídos demaneira homogênea. Portanto, a tentativa de processar qualquerconsenso entre sem-terras e ruralistas sabota as desigualdades, silenciaa dialética em que senhores e escravos se movem, significam (-se) eescrevem sentidos. No fundo, tal retórica infantiliza a questão políticada reforma agrária.Para o sujeito-presidente, o grito dos excluídos, construído na/pelas tramas do interdiscurso, se desloca da região de luta e reivindicação,deixa de ser narrado como estratégia coletiva e passa a ser um genérico,o grito de qualquer um e de todo mundo, inclusive dos ruralistas, quediscursivamente sempre se alinharam à manutenção de privilégios eposses e que, diga-se de passagem, nada grita(ra)m por mudançassociais ao longo da história do país, a não ser aquelas que aumentavamo rol de seus privilégios.Desse modo, Lula se coloca no papel do mediador sensato, neutro,que preserva e cultua os ideários da democracia e da Lei, a despeitode quaisquer gritos. É preciso dizer que, em vários períodos da histórianacional, sob a cifra do apelo à legalidade, à força legal e à manutençãoda ordem, processou-se uma estratégia de apagamento dos movimentossociais. Falar em ordem, progresso, harmonia e paz social re-configura

essa rede de sentidos, que faz avançar o banimento do grito daquelesque (teimaram) e teimam em clamar por mudanças na estrutura depoder, deslegitimando-os e narrando-os como desordeiros, criminosos,bagunceiros ou loucos, para, por fim, endossar a sua prisão (ROMÃO,2002, 2003; ROMÃO e TFOUNI, 2002) . Aplicada, v. 5, n.1, 2005 245Os lugares de sindicalista e presidente se movem determinadospelo nebuloso jogo das relações de poder e afetados pela filiação aregiões da memória discursiva. É certo que os sujeitos são e estãosujeitos aos sentidos que a ideologia lhes permite enxergar e enunciar,e isso direciona o que eles podem e devem dizer em consonância como poder constituído e/ou em sintonia com os gritos, que racham frestasno mesmo poder. Também é possível sentenciar que não existe umaregularidade lógica e controlável para o sujeito, pois antes o grito, agoraa negação do gritar.Mais importante do que a cor do mês de abril é interpretar omovimento de sentidos, posições e discursos, diante do e no poder,cuja materialidade lingüística e histórica foi interpretada nosdepoimentos do líder do MST e do presidente da República. Na orlaem que a materialidade da língua e da história se tocam, é possívelobservar que o sujeito sempre enuncia do lugar marcado socialmentee que a ideologia autoriza ou interdita sentidos para o sujeitoconstituído na/pela teia da memória. No caso, memória de gritos degalos que sempre anunciam a manhã e que, no caso, tecempossibilidades ou interdições para o amanhã.

Referências

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MELO NETO, J. C. Obra completa volume único. Rio de Janeiro: Editora

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Trad. Bras. GADET, F; KAK. T. (Org.). Por uma análise automática do

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ROMÃO, L. M. S.; TFOUNI, L. V. Vejam, caros amigos: o litígio discursivo.

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ROMÃO, L. M. S. Tramas do discurso, luzes da memória. In: Organon 35,

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SILVA, L. I. L. Entrevista. Disponível em:

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TFOUNI, L. V. E não tem linhas tua palma: esquecer para poder lembrar.

In: Organon 35, v. 17, Revista do Instituto de Letras da Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.

SER PROFESSOR





Carta ao Professor


Penso que esta é a oportunidade ideal para agradecer por tudo aquilo que o você faz por mim, por tudo o que me ensina em aula e, também, por tudo que a sua postura séria, honesta e ética sugere a mim e a todos os meus colegas de classe. Acredito que a sua vida seja bastante complicada, com tantas coisas a ensinar, com tantas provas a corrigir, com toda a preocupação em saber se os seus ensinamentos foram assimilados... creio que sejam poucas as profissões que exijam tanto de alguém como o magistério, pois a sua tarefa não termina quando o sinal sonoro indica o fim da aula, e isso torna a sua função um verdadeiro sacerdócio, não é?Sei que às vezes não sabemos reconhecer o seu esforço e a sua dedicação e, assim, peço-lhe desculpas em meu nome e em nome de meus colegas também. Não é por mal, acredite! Mas, este dia me parece uma boa oportunidade para que todos nós façamos uma promessa para nos comportarmos melhor durante as aulas, para sermos mais atentos, e para retribuirmos a sua dedicação com a nossa dedicação.A gente ouve dizer que a vida do professor é muito sacrificada: muito trabalho, muito estresse, pouco respeito e pouco dinheiro... No entanto, quero que esta cartinha toque a sua mente como uma luzinha no fim do túnel, como uma renovação desta sua esperança latente de que, um dia, finalmente, o mundo saberá reconhecer o valor das suas palavras, da sua abnegada dedicação, do seu árduo, nobre e sagrado trabalho. Eu já estou fazendo isso, acredite!Com admiração e gratidão,

AOS MESTRES COM CARINHO


O valor de ser educador


Ser transmissor de verdades,De inverdades...Ser cultivador de amor,De amizades.Ser convicto de acertos,De erros.Ser construtor de seres,De vidas.Ser edificador.Movido por impulsos, por razão, por emoção.De profundos sentimentos, Que carrega no peito o orgulho de educar.Que armazena o conhecer,Que guarda no coração, o pesar De valores essenciais Para a felicidade dos “seus”.Ser conquistador de .Ser lutador,Que enfrenta agruras, Mas prossegue, vai adiante realizando sonhos, Buscando se auto-realizar, Atingir sua plenitude humana.Possuidor de potencialidades. Da fraqueza, sempre surge a força Fazendo-o guerreiro.Ser de incalculável sabedoria, Pois “o valor da sabedoria é melhor que o de rubis”. E...Esse é o valor de ser educador.

Atividades dos Cursistas de Sinop







CONTOS E CONTOS DE ITANHANGÁ


Prof. Vanderlei Baraldi

Responsável pela produção textual dos alunos da Escola Municipal Cecília Meireles na vila de Monte Alto no Município de Itanhangá/MT.

ADÃO E EVA 2

No principio da criação da terra, criou deus os peixes, as aves e todos os animais. Mas deus, olhando para tudo o que tinha feito achou que estava faltando alguém: um ser que pudesse dominar tudo que ele tinha feito, mas não sabia qual seria esse ser.
Gabriel, o anjo, ao ver o senhor deus pensativo, chamou - o para passear pelo jardim em volta da lagoa. O senhor, ao se abaixar na lagoa viu seu reflexo na água, o que o levou a ter a idéia, a de fazer esse ser à sua imagem. o que o fez .
E deu o nome para esse ser ADÃO. ADÃO, porém, se sentia sozinho no jardim. O senhor então resolveu fazer uma companheira para ele.
Foi aí que o senhor fez EVA para ser a companheira de ADÃO. O que trouxe inveja aos outros animais, e também ao maligno. Foi aí então que o maligno resolveu se unir com a serpente para destruir ADÃO e EVA. O senhor deus ao colocar ADÃO e EVA no jardim do Édem disse que de tudo poderiam fazer, menos comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, o que fez o maligno ter um plano. “_serpente, pegue da fruta da árvore da ciência do bem do mal e dê para EVA comer sem que ela saiba. Assim ela o fez na primeira oportunidade.
Certo dia ADÃO e EVA convidaram a todos os animais para um almoço no jardim e que todos trouxessem alguma comida diferente.
Fez então a serpente uma salada de frutas contendo, é claro, o fruto da árvore. Ao chegar ao almoço a serpente tratou logo de entregar à EVA a salada de frutas. EVA, ao comer a salada, achou muito gostosa e ofereceu a ADÃO. Ao acabarem de comer desmaiaram e ao acordarem, perceberam que estavam nus, e logo se esconderam. O senhor, ao notar o silêncio no jardim e a falta de ADÃO e EVA, disse ao anjo Gabriel: “_ desce ao jardim e veja o que está acontecendo.”
Gabriel desceu logo ao jardim, e notou que EVA e ADÃO estavam se escondendo. daí então voltou ao céu e disse ao senhor que eles estavam se escondendo da presença dele. Disse então o senhor:_ “volte ao jardim e os traga aqui.”
Ao chegarem ao céu o senhor logo perguntou à EVA o que aconteceu.
Disse EVA: “_ senhor, a serpente me enganou, me trouxe ao almoço uma salada de frutas, a qual comi e ofereci a ADÃO que também comeu. Logo em seguida desmaiamos e quando acordamos percebemos que estávamos nus. Daí nos escondemos da sua presença, senhor, por vergonha e também por medo.” deus, ao perceber a sinceridade e a
Pureza do seu coração os perdoou. Mas a serpente digo que será a mais perseguida dos seres, quando o homem te ver, logo vai querer te matar pela maldade que fez a ADÃO e EVA. E isso ficará com eles por toda a eternidade.

Jéferson-9º ano 2008




O SUSTO COM O SACI


Há muitos anos atrás existia um casal de idosos que morava num sítio distante da cidade. Este casal não tinha recursos lá, devido ao homem que bebia demais e só ficava nos bares, gastava todo o dinheiro da sua aposentadoria e a pobre mulher tinha que gastar o dinheiro da sua aposentadoria pra sustentar a casa. Num certo dia o homem saiu de casa, já era noite. Com sua carroça ele foi até à cidade; a lua estava cheia e lá foi ele.
...algumas horas se passaram...
O relógio batia à meia-noite: TIC, TAC, TIC, TAC...
A mulher em casa estava preocupada.
Lá vinha ele, à meia-noite, já estava bêbado e não percebera que as porteiras estavam todas fechadas – e bem fechadas – apesar de ter deixado todas abertas quando foi. Na primeira o homem estranhou: a porteira estava fechada de forma que ele teve dificuldade de abrir; passou, mas achou estranho. Na segunda porteira, cada vez mais apertados os nós cegos, passou o pobre homem na porteira, mas na verdade estava preocupado. Pensou:
“ - O que aconteceu aqui?! Ninguém passa por aqui!”
Na terceira porteira os nós estavam praticamente impossíveis de desmanchar e uma coisa terrível os olhos daquele homem viu, mas não teve tempo de ter certeza do que estava vendo e, de repente quando menos esperava foi atacado por trás. Aquele vulto que passou por ele deixou-o mais assustado ainda. Tentou fugir e de nada adiantou, até que atravessou a cerca e o bicho sumira, pegou sua carroça e foi embora. No outro dia de manhã o pobre homem foi ver o que realmente teria acontecido naquela noite e se deparou com os dizeres escritos no chão rente a porteira:
“ – não fique com medo, não pretendo te matar, foi só um susto, mas da próxima vez quem sabe você não escapa” assina:Eu, o saci.

OBSERVAÇÃO: segundo as pessoas que conheceram o casal disseram que depois desse caso o homem nunca mais bebeu e, nem saiu de casa à noite para ir nos bares.


Anônimo
do 9º ano


O compadre rico e o compadre pobre.


Seu José era muito pobre, e seu João era muito rico.
Certo dia, seu José saiu com seu machado na mão a andar a beira do rio, procurando alguma árvore que tivesse uma colméia para tirar o mel para dar a seus filhos.
Andando a beira do rio, seu machado caiu dentro da água e seu José foi atrás, pois aquela era a sua única ferramenta. Ia andando seu José quando se deparou com uma cabana na beira do rio.
E lá tinha um velho de barbas brancas, sentado em um toco.
Seu José cumprimentou-o e contou o que havia acontecido com ele. O velho então lhe disse que também era muito pobre e que não tinha muita coisa a oferecer. Porém deu a seu José um grão de arroz, um grão de feijão, um torresmo e três porungas. Disse o velho:
“_ Leve essa comida e dê à sua mulher, para que ela cozinhe para o jantar, e essas porungas você quebre uma dentro de casa, a segunda em seu quintal, e a terceira em seu pasto.
Seu José foi embora e fez o que o velho lhe disse.
Chegou a casa e deu à sua mulher o arroz, o feijão e o torresmo, e ela colocou-os na panela para cozinhar. Quando ela tirou do fogo a panela estava cheia de comida.
Eles jantaram e foram dormir.
No dia seguinte seu José fez com as porungas o que o velho lhe disse. Quebrou uma dentro de casa e sua casa se transformou em uma bela casa com lindos móveis. Saiu para o terreiro e quebrou a segunda e seu terreiro se encheu de todos os tipos de aves. Foi para o pasto e quebrou a terceira e seu pasto se encheu de gado.
O compadre João chegou e se admirou com tanta coisa que José tinha conseguido da noite para o dia. José então lhe contou tudo.
João, ambicioso como ele só, foi até sua casa, pegou um machado e foi para a beira do rio. Como o seu machado não caia, jogou-o dentro da água e foi atrás dele. Chegando a tal cabana mentiu para o velho que era muito pobre, o velho fez com ele à mesma coisa que fez com o outro. João foi embora todo feliz, pois ia ficar ainda mais rico.
Chegando a casa deu para sua mulher os grãos de arroz, os de feijão e o torresmo. Ela pegou-os e jogo-os fora.
Apressado como ele só, João pegou uma porunga e deu para sua mulher para que ela quebrasse dentro de casa enquanto seu filho quebrava a segunda no terreiro e ele quebrava a terceira no pasto.
Quando a mulher quebrou a porunga dentro de casa, a casa se encheu de marimbondos. Quando o menino quebrou a segunda no terreiro o terreiro se encheu de raposas que comeu todas as aves do terreiro; e quando ele quebrou a terceira no pasto o pasto se encheu de cobras e serpentes que mataram todo o gado do pasto.
Chegando à noite caiu uma grande tempestade, e a família não tinha para onde ir se abrigar da chuva.


Raquel – 9º ano 2009


A mulher diferente.


Havia uma certa mulher que era muito diferente das outras. O que as mulheres gostavam, ela odiava.
Mas um certo dia, ela até brigou com várias mulheres que faziam algo diferente do que ela ,porque não gostava de ver
elas fazerem coisas que ela odiava. E um dia ela teve que tentar fazer a coisa que ela mais odiava.
Ela tentou fazer, mas não deu muito certo na primeira vez, mas ela tentou várias vezes.
Ela tentou, quis se entender com as outras mulheres, e ela não conseguiu a confiança delas e ficou muita triste. Uma vez ela tentou fazer devagar até ela conseguir. Ela ficou muito triste e ao mesmo tempo muito alegre de conseguir cozinhar para seu marido.


Alexsandro Linhares – 9º ano 2009




ATIVIDADES DA TP5



ATIVIDADE DESENVOLVIDA COM OS PROFESSORES CURSISTAS EM SINOP – 02/09/2009

Partindo da observação da imagem abaixo, solicitei aos cursistas que me dissessem o que lhes viesse à cabeça, relacionado ao que estavam visualizando. À medida que iam dizendo eu anotava no quadro; então surgiram: antiga; sossegada; histórica; religiosa; restaurada; deserta; turística; interiorana; rica; apertada; irregular; inclinada; escura e simpática.
Com estas palavras solicitei então que os mesmos produzissem um texto de qualquer gênero utilizando as palavras anteriores, onde pudéssemos observar a existência da coerência e da coesão... Muitos no primeiro momento se esquivaram, outros disseram que agora entendiam o que seus alunos sentiam quando lhes era solicitado que fizessem uma produção textual, mas acabaram por fazê – la e o resultado fora interessante e riquíssimo como veremos a seguir:

Sonho Real

Certo dia meu pai chegou em casa e disse que faríamos uma viagem, pois todos lá em casa tinham acabado de sair de férias. Papai pegou alguns dias de licença no jornal em que trabalhava, mamãe tirou uma semana de descanso da escola onde lecionava e eu finalmente estava de férias do colégio onde estudava.
Assim, chegou o belo dia, acordamos todos bem cedo e já com as malas fomos para o aeroporto. Seria minha primeira viagem de avião e eu esperava anciosamente pelo vôo e também pelo destino, pois papai dissera que a cidade que visitaríamos seria uma surpresa.
Então lá estávamos nós dentro do avião, eu mal podia esperar aonde este aviãozão me levaria?! Um pouco cansada peguei no sono e acho que pela ansiedade fui levada a ter um lindo sonho. Sonhei que ao chegar ao destino das minhas férias, me deparei com um lugar diferenciado da cidade onde morávamos e fiquei espantada.
Essa cidade era branquinha, diferente, sossegada, parecia ser deserta pelo silêncio, suas ruas eram apertadas e inclinadas, esquisitas até, mas isso me chamava muito a atenção. Para eu, que havia vindo de uma grande capital, barulhenta e movimentada, parecia estar em uma cidadezinha interiorana, chegava a ser histórica pelo jeitinho de suas casas, antiga pelos formatos irregulares que apareciam nas paredes e por sua simplicidade de beleza, mas ao mesmo tempo rica em detalhes, eu tinha quase certeza, que seria uma cidade turística.
Quando eu caminhava pela pequena rua, ao longe vi uma igraja muito bela, que dava um ar especial ao lugarzinho, poderia ser uma cidade religiosa de habitantes religiosos. Essa igreja era restaurada e ás vezes me dava a impressão que não era de verdade.
Eu jamais estive em lugar tão encantador, mesmo em sonhos, até mesmo quando estive caminhando por aquelas ruazinhas escuras, eu conseguia achar a cidade muito simpática. Me dava a impressão que lá só havia uma pessoa, que era eu, sei que os meus olhos brilhavam e eu sentia uma paz muito grande, até que... ouvi um grito:
_ Maria, Maria, acorda minha filha!
E acordei assustada, era minha mãe, disse que já estávamos no hotel e que eu passei toda a viagem dormindo. Me levantei, molhei o rosto e saí na sacada no nosso quarto, quando meus olhos não acreditavam no que viram, entretanto meu coração entendeu. Era a cidade dos meus sonhos, com todos os detalhes que eu pude recordar até mesmo a igreja estava lá, linda e imponente e eu mal podia acreditar.
Falei para mamãe:
_ Vou descer e conhecer um pouco o lugar dos meus sonhos!
Minha mãe não entendeu nada e eu pasma da maneira que estava, não poderia lhe explicar.


Profª. Lidiane Galvão


Simplicidade

Domingo que é domingo tem cara de domingo! Sabe como se percebe isso? É só você estar numa antiga cidade interiorana, daquelas sossegada, de rua apertada, deserta e irregular.
Viver bem o primeiro dia da semana é como você visitar uma cidade histórica ou turística, onde pode se ver uma igreja restaurada que nos faz ter certeza da fé religiosa do local.
É também andar por uma ruela inclinada e observar a simpática cor do ambiente que, às vezes, se torna escura, dependendo da inclinação do sol.
Esta sim é uma cidade rica que nos permite descansar da agitada semana, dos problemas, da falta de paz... E passar um só dia num lugar como este é descobrir que o belo surge das coisas menos admiradas na vida: a simplicidade!


Prof. Carlos Alexandre Manoel

Minhas Férias

A redação deste ano das minhas férias será sobre uma cidadezinha que conheci num dia chuvoso. Foi o primeiro dia da minha viagem, minhas expectativas eram as melhores, mas esse dia não me deixou boas lembranças.
Bem, vou descrever esse lugar. Chegamos bem cedo, o Sol ainda não havia nascido. O ônibus parou, descemos. A vila estava deserta, mesmo se tratando de uma vila turística, onde pessoas de todos os lugares estariam transitando, curiosas para conhecerem a antiga casa do Senhor de Engenho, o museu histórico que trazia toda a história religiosa desse lugar e a simpática mercearia, restaurada com muita dedicação.
Subimos por uma rua apertada, onde os paralelepípedos eram todos irregulares e avistamos ao longe uma senhora sentada sossegada em sua cadeira de balanço. As crianças cansaram. Sentamos e percebemos que alguns prédios estavam inclinados. Esse ar interiorano trazia lembranças da minha infância. Uma mulher se aproximou e perguntou:
_ Por acaso vocês são de Vila Rica?
Respondemos que não, ela se distanciou e voltamos para o ônibus. A simpática guia nos levou ao hotel onde ficaríamos hospedados.
O dia estava escuro e sinceramente, não havia sido bom. Queria conhecer esta cidade, mas em um dia com muito Sol!


Margot K. Berti


A CIDADE


Quando falamos em cidade muitas coisas vem em nossa mente, pensamos em diversos tipos como: moderna, barulhenta, calma, limpa, agradável, etc.A que eu vejo agora a minha frente na fotografia é uma cidade antiga e histórica pelo modelo de suas construções, seus casarões e suas igrejas. Podemos perceber assim, que também se trata de uma cidade religiosa e turística.
As ruas apertadas e desertas nos mostram uma cidade interiorana, porém rica, situada em uma região inclinada o que tornou suas casas e ruas irregulares e escuras.
Portanto, pela sua beleza e limpeza nota – se que ela foi restaurada há pouco tempo.


Márcia Oening

Encontro dos Formadores do GestarII





Narradores de Javé

Ficha Técnica

Título Original: Narradores de Javé
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2003
Estúdio: Bananeira Filmes / Gullane Filmes / Laterit Productions
Distribuição: Riofilme
Direção: Eliane Caffé
Roteiro: Luiz Alberto de Abreu e Eliane Caffé
Produção: Vânia Catani
Música: DJ Dolores e Orquestra Santa Massa
Fotografia: Hugo Kovensky
Direção de Arte: Carla Caffé
Edição: Daniel Rezende
Sinopse
Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé. É aí que eles se deparam com o anúncio de que a cidade pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica. Em resposta à notícia devastadora, a comunidade adota uma ousada estratégia: decide preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias.
Narradores de Javé, um filme sobre memória, História e exclusão
Por Marta Kanashiro
Se fosse possível colocar uma trilha sonora para esta resenha do filme Narradores de Javé certamente ela não poderia ter a cadência dramática e sóbria que em geral é usada em filmes sobre o sertão nordestino. A sutileza, as ironias e os momentos tragicômicos de Narradores de Javé só podem mesmo ser embalados pelo som eletrônico-regional-pulsante de DJ Dolores, responsável pela trilha sonora do filme. É nesse clima que se dá abertura para o espectador vislumbrar a importância dos sujeitos na História e as soluções e saídas para o sofrimento do sertão.
O longa dirigido por Eliane Caffé, reúne tantos elementos interessantes para discussão, que é difícil eleger os que devem ocupar o espaço de uma resenha. Além disso, os oito prêmios recebidos pelo filme apontam a qualidade com que foram abordados esses elementos. Muitos temas relacionados com a História estão presentes: a história oral, a oficial, sua cientificidade, o limiar com a literatura, o vídeo e o próprio cinema, diferentes suportes para a História, diferentes olhares e intercâmbios, a busca de uma "verdade", teoria e método. Esse segundo filme da cineasta (o primeiro foi Kenoma-1998), trata de um povoado fictício (Javé), que está prestes a ser inundado para a construção de uma hidrelétrica. Para mudar esse rumo, os moradores de Javé resolvem escrever sua história e tentar transformar o local em patrimônio histórico a ser preservado.
O único adulto alfabetizado de Javé, Antônio Biá (José Dumont) é o incumbido de recuperar a história e transpor para o papel de forma "científica" as memórias dos moradores. Ironicamente, Biá, que havia sido expulso da cidade por inventar fofocas escritas sobre os moradores, é o escolhido para escrever o "livro da salvação", como eles mesmos chamam. O artifício de "florear" e inventar fatos locais já era usado pela personagem para aumentar a circulação de cartas, obviamente escassas no povoado, e manter em funcionamento a agência de correio onde ele trabalha. Escrever a história de Javé e salvá-la do afogamento é sua oportunidade de se redimir. E a redenção parece ter que se dar justamente aflorando seu lado mais condenável. "Bendita Geni", pois é justamente a capacidade de Biá de aumentar as histórias que traz à tona o papel do historiador interferindo na História, reunindo relatos, selecionando-os, conectando-os de forma compreensível.
Na coleta do primeiro relato "javélico", Biá diz à sua "fonte": "uma coisa é o fato acontecido, outra é o fato escrito". Esse pequeno conjunto de elementos já é suficiente para apontar a isenção e a imparcialidade impossíveis à História e ao historiador. O filme se desenrola com a difícil tarefa para Biá: reunir uma história a partir de cinco versões diferentes - uma multiplicidade de fragmentos, memórias incompatíveis entre si. O personagem se vê entre essa impossibilidade e um futuro/progresso destruidor e irremediável.
Nas várias versões os heróis são alterados conforme o narrador. Assim, na versão relatada por uma mulher do povoado, a grande heroína entre os fundadores de Javé é Maria Dina. Na versão de um morador negro, o herói principal também é negro e chama-se Indalêo. Assim, ao mesmo tempo que o filme nos diz da interferência do narrador na história, também fala sobre os excluídos da "história oficial" (a dos livros didáticos).Na narração sobre Indalêo surge a oralidade da memória - como praticada por culturas milenares. O narrador negro canta a história em seu dialeto africano, quase num êxtase profético, que nos remete tanto aos gregos como aos xamãs. As divisas cantadas, que são as fronteiras de Javé pronunciadas em canto, também são um outro exemplo da aparição desse elemento no filme. O canto demarca uma terra (Javé), que está sendo disputada, e é o canto que legitima sua posse, não um documento escrito. Da mesma forma, são as versões orais que podem tornar esse espaço de terra patrimônio histórico.
De forma sintética, todo o filme fala de uma disputa entre a história oficial e aqueles excluídos dessa história, assim como, entre a oralidade e a escrita. Em outro momento, uma das moradoras de Javé argumenta perante uma câmera digital que a hidrelétrica não poderia ser construída lá onde estavam enterrados seus antepassados e seus filhos que morreram. Eles não poderiam ficar embaixo d'água. De forma sutil, a cena introduz no filme essa questão fundamental do patrimônio imaterial, a cultura, e os laços diversos que podem existir com um pedaço de terra. A cena remete ao filme de Werner Herzog, "Onde sonham as formigas verdes" (1983), no qual também trava-se uma disputa em torno de uma área de terra. No caso, uma tribo aborígene defende a sacralidade da terra onde estão seus antepassados e onde sonham as formigas verdes, diante da construção de uma companhia de mineração; uma representação dos avanços da sociedade branca, industrial.
A problemática da destruição de um grupo étnico, sua memória, cultura, religião, modo de vida, é uma história bem comum nesses nossos 500 anos, e o filme de Eliane Caffé também se destaca por essa inclusão.Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. “Essa tempestade é o que chamamos progresso”. (Benjamin 1985:226).
Entre a multiplicidade de versões que ecoam em seus ouvidos, a arbitrariedade da interferência e a necessidade de produzir algo convincente para salvar Javé, Antônio Biá entrega um livro em branco para a população. Cobrado e acuado por todos no meio da rua, Biá sai aos berros andando de costas. O gesto remete a uma outra passagem do filme em que se diz que essa atitude demonstraria coragem, seria um recuo e não uma fuga. Mas a mesma imagem pode ir além disso, quando se pensa no "anjo da história" de Walter Benjamim (veja quadro ao lado).
Biá, assim como o anjo, caminha olhando o passado a ser "destruído" irremediavelmente pelo futuro, pelo progresso, pela hidrelétrica. E esta, "responsável" pela transformação do sertão em mar, afogará a memória, a cultura local e os antepassados.
Narradores no plural
Vale destacar as dimensões e os infinitos níveis das interferências que os narradores podem ter na História. Todo o caso de Javé - a história que não é escrita por Biá - é narrado por Zaqueu (Nelson Xavier), que tenta distrair um viajante num bar a beira de um rio. Durante todo o tempo em que o caso ocorreu, Zaqueu não estava presente no povoado, pois sai para buscar mantimentos. Isso nos faz supor que sua versão já é fruto de uma série de outras versões, e abriga toda a interferência dessas múltiplas narrações, inclusive a dele mesmo. Ao mesmo tempo, a história que Biá não consegue escrever está contada, mas em outro suporte, na narração de Zaqueu, que é o próprio filme.A própria filmagem de Narradores de Javé sinaliza o grau de intercâmbios entre presente, passado e futuro na construção da História. Os dois mil moradores de Gameleira da Lapa (locação do filme) estavam sem coleta de lixo há onze anos e foram incentivados a não apenas recolher o lixo como a separá-lo para reciclagem. Com tudo isso, a população local passou a exigir dos órgãos competentes a coleta seletiva, o que deu início a um processo para trocar o nome da cidade de Gameleira da Lapa para Javé. Certamente o filme deu mais conta da História e seus Sujeitos do que esperava.